Foto:Arte/ooinc |
Ele não tem os 400 jogos de Dudu. Não teve a regularidade formidável de Gustavo Gomez. Também não é do tipo que faz grandes demonstrações apelando para o ponto fraco do torcedor: amor à camisa. Nem mesmo o melhor ano da carreira de Gustavo Scarpa é o suficiente para explicar o choro de muitos palmeirenses em sua despedida do Palmeiras.
Scarpa entrou em uma batalha judicial contra o Fluminense para poder jogar no Palmeiras em 2018. Depois disso, seguiu tentando buscar espaço no clube, mas sem conseguir se firmar de acordo com as expectativas. Acumulou frustração pessoal e provocou desconfiança nas arquibancadas.
Somente a partir de 2020, passamos a acompanhar uma “virada” do atleta. Às vezes meia-armador, às vezes lateral-esquerdo. Deu a volta por cima se tornando um “coringa” do Palmeiras de Abel Ferreira.
Tudo mudou quando o camisa 14 adotou um novo estilo de vida e passou a se comportar de forma mais leve na frente das câmeras e nos bastidores. O seu envolvimento com “mundos” diferentes do futebol despertou não só a curiosidade da torcida, mas lhe deu destaque no elenco.
Foto: Divulgação/Placar/Arte/ooinc |
Gustavo Scarpa se tornou o “Menino Maluquinho” do Palmeiras. O clássico da literatura infantil do escritor e cartunista Ziraldo é um personagem infantil de 1980. Maluquinho é descrito como uma criança que usa uma panela na cabeça para mostrar que pensa fora da caixa. Agitado, sempre envolve os amigos em suas aventuras.
"Outro como eu só daqui a mil anos": é o título de um dos livros
Capa do livro (Foto: Divulgação/Ziraldo/Oficial) |
Os trejeitos quase infantis de Scarpa, o comportamento “traquino” misturando biscoito com leite condensado gerou identificação nos pequenos palmeirenses.
No futebol, as crianças muitas vezes são ignoradas e esquecidas. Seja por serem obrigadas a pagar ingresso, seja por terem que presenciar cenas de violência nos estádios. Quem respeita criança também ganha o coração delas.
Foto: Reprodução/YouTube |
Em uma época de afastamento, de tanta distância física e emocional dos grandes ídolos, eu respeito quem chorou na despedida de Gustavo Scarpa.