 |
| Gómez comemora 37º gol pelo Palmeiras no Estádio Heriberto Hülse (Foto: Reprodução/Alamy) |
Do escritório a
zagueiro-artilheiro
Dá para imaginar Gustavo Gómez arquivando documentos e trabalhando com papelada jurídica? Era assim que ele ocupava seu dia antes de descobrir suas habilidades nos gramados. Não fosse isso, Gómez poderia estar em um escritório, sendo mais um profissional liberal tentando encontrar tempo na correria diária. O capitão do Palmeiras foi funcionário da Procuradoria de San Juan Bautista (Misiones), sua cidade natal.
“Tirava xerox de documentos, pagava contas e ganhava algumas gorjetas. Gostava daquele ambiente jurídico e não era tão fanático por futebol quanto os meus amigos, então jogava somente por diversão. Mas logo comecei a me destacar e as coisas aconteceram rapidamente ", disse Gómez à Revista Palmeiras.
Tata Martino, o “padrinho de Gómez”
O futebol era um hobby para Gustavo Gómez, até começar a jogar no Club 31 de Julio aos 13 anos, em San Ignacio, próximo a região onde nasceu. Jogando na posição de volante, ele foi pulando etapas pela sua desenvoltura, e em pouco tempo já integrava o Sub-17 da Seleção Albirroja. O futebol tornou-se coisa séria para Gómez.
Aos 17 anos, ainda menino, foi convocado pelo treinador argentino Tata Martino para treinar junto à Seleção principal do Paraguai, durante a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Felipe Melo, que foi seu companheiro no Palmeiras, foi titular da Seleção Brasileira na mesma Copa. Enquanto o brasileiro encerrava a sua trajetória com a amarelinha, iniciava ali, a história do paraguaio com a Seleção Albirroja, na qual passou a ser capitão.
A transformação na carreira do jogador veio quando Martino sugeriu que ele jogasse na zaga, que deixasse de ser volante. O treinador identificou outros valores em Gómez, ele tinha impulsão, força e habilidade na bola alta. Após o Mundial, o ex-auxiliar de escritório despertou interesses, o futebol havia se tornado profissão.
 |
| Gustavo Gómez com o uniforme do Club 31 de Julio (Foto: Reprodução/Web) |
 |
| Gómez com a braçadeira da Seleção do Paraguai (Foto: Reprodução/Pedro Vilela/Getty Images) |
O “31 de julho”
A carreira do zagueiro Gustavo Gómez se resumiu a passagens por três clubes em sequência: Libertad-PAR (2011), Lanús-ARG (2016), Milan-ITA (2018), até que, finalmente, o Palmeiras cruzou o seu caminho. Em 31 de julho de 2018, foi anunciado pela imprensa o acerto do zagueiro com o Verdão. Por coincidência, foi no “31 de julio” que o jogador iniciou suas atividades no Paraguai.
O Palmeiras mudou a história de Gustavo Gómez. Sem espaço no Milan, foi convencido por Alexandre Mattos, diretor de futebol do Verdão na época, a acertar seu retorno para a América do Sul. A decisão do zagueiro contou com um grande empurrão do atacante Lucas Barrios, ex-jogador do Verdão e seu ex-companheiro de seleção.
O camisa 15 se adaptou fácil ao time do Palmeiras. Agradou Felipão, técnico do Alviverde na temporada 2018, e logo estreou. O defensor foi escalado entre os titulares em jogo contra o Vasco pelo Brasileirão, no Allianz Parque. Além de demonstrar muita segurança na vitória por 1 a 0, marcou um gol, que foi anulado de forma equivocada. O zagueiro deixou o seu cartão de visitas em sua primeira partida e conquistou o seu lugar entre os titulares.
 |
| Foto: Reprodução:Ettore Chiereguini/AGIF |
“Uma das melhores decisões que tomei na vida foi a de assinar e vir ao Palmeiras. Mudou a minha vida e a da minha família” - declarou Gustavo Gómez.
Capitão ilustre da Terceira Academia
Desde então, Gustavo Gómez teve lugar fixado entre os 11 do Palmeiras. Passou a ser "chefe" de uma das defesas mais fortes da América do Sul, desde que iniciou sua parceria com Luan e depois com Murilo.
Com sua altivez e liderança conquistou a braçadeira de capitão do Palmeiras e foi acumulando títulos. Se tornou uma influência marcante e afamada pela Terceira Academia, geração vitoriosa dirigida por Abel Ferreira.
Depois de ser, ao lado de Murilo, o zagueiro que mais fez gols pelo clube em uma única temporada (11 gols em 2022), Gómez chegou ao topo da artilharia histórica do clube. Aos 31 anos, o paraguaio ultrapassou Luís Pereira, zagueiro que marcou 36 gols pelo Verdão e é considerado por muitos o melhor em sua posição entre os palmeirenses.
O menino que quase seguiu carreira jurídica em um escritório, assumiu outro papel nos gramados do Palestra.
